terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Resenha: "Ela não é invisível"

“...porque não sou triste por ser assim. Não me importo em ser cega. O que me incomoda são as pessoas me tratando como se eu fosse idiota. “


Publicado no Brasil em 2015 pela editora Galera Record e escrita pelo autor Marcus Sedwick.

“Ela não é invisível” conta a história de uma família meio diferente de Londres. Narrado em primeira pessoa por Laureth, a filha mais velha de 16 anos do escritor Jack Peak, que desde que desistiu de escrever seus livros “engraçados” passa a viver obcecado por um novo livro de sucesso que tem como tema principal as coincidências da vida, e como elas podem deixar de ser apenas probabilidade e passam a ser algo especial para a pessoa que vive a coincidência. Tem também Benjamin, um garotinho de 7 anos extremamente inteligente e solitário, ele possui um super-poder chamado de Efeito Benjamin, onde qualquer material eletrônico que ele toca, estraga. E isso faz com que ele tenha que ficar longe de vídeo games e qualquer outro brinquedo eletrônico que seus amigos adoram jogar. Mas, para matar um pouco da solidão, Benjamin tem um melhor amigo, um corvo de pelúcia chamado Stan que o acompanha pra qualquer lugar. E tem Jane, a mãe, que é uma pessoa extremamente organizada, mas também que precisa ter muita paciência para fazer parte dessa família.

Como o pai de Laureth é um escritor famoso, ele recebe diversos e-mails por dia, e desde pequena Laureth é responsável por responder aos e-mails do pai. E faz isso com muito empenho. Mas, sabe o que é o mais legal? É que ela faz diversas coisas, Laureth é uma adolescente muito inteligente e isso se torna ainda mais incrível, porque Laureth é um adolescente cega.

Um dia Laureth recebe o e-mail de um senhor de Nova York, o e-mail informava que o Livro Breu havia sido encontrado. O Livro Breu era um caderno de anotações do seu pai, onde ele anotava todas as ideias repentinas que vieram a ele em algum momento. O Livro Breu era tão importante que chagava a ser sagrado. O pai de Laureth jamais perderia ele em qualquer lugar, muito menos em Nova York que é um lugar onde ele não deveria estar nessa época, segundo Jack ele estava fazendo uma pesquisa de campo para seu novo livro , na Europa. Não havia como ele estar em Nova York nesse momento e também, por que ele não atendia aos telefonemas? Seu pai jamais desaparecia dessa forma.

Laureth contou sobre o e-mail para sua mãe. Mas essa, nem deu muita credibilidade. Não se importava muito onde o pai estava, provavelmente ele voltaria assim que acabasse com suas desvairadas pesquisas de campo. Laureth ficou furiosa com a indiferença da mãe. Ela estava preocupada com o desaparecimento do pai e então decidiu que deveria ir procura-lo e começaria buscando o Livro Breu, pois a probabilidade de lá estar alguma informação que a levasse ao seu pai era grande.

Então, nesse final de semana ela aproveitaria que sua mãe iria viajar para a casa da sua tia e então comprou as passagens, sacou dinheiro, arrumou as malas, pegou Benjamin e Hans e partiram para os Estados Unidos. Laureth é uma adolescente muito corajosa, mesmo sendo cega e tendo apenas uma criança ao seu lado para a orientar na maioria das vezes, ela embarcou nessa aventura, afinal, seu pai é uma pessoa muito importante na sua vida.

A aventura é surpreendente. Cheia de coincidências e infortúnios. Eu gostei desse livro ao mesmo tempo que não gostei muito. Achei que faltou algum tempero no enredo, mas apreciei de verdade a personagem da Laureth e a forma como a cegueira é tratada, em alguns momentos ela dá uns tapas bem fortes na cara da sociedade. Outra coisa que eu gostei bastante é da integração entre Laureth e Benjamin, mesmo sendo cega, Benjamin confia nela de olhos fechados.

“Porque, sim, eu estava com medo. Sinto medo quase o tempo todo. Mas nunca admito isso pra ninguém. Não suporto admitir. Tenho que continuar fingindo que sou confiante, porque, se não fizer isso, se ficar na minha, me torno invisível. As pessoas me tratam como se eu não estivesse ali. [...] As pessoas acham que eu tenho muita confiança em mim mesma, mas não tenho nenhuma. Não acredito em mim, nem no que tenho capacidade de fazer, e ainda assim as pessoas acham que eu posso fazer o que quiser.
É assim que pareço ser, mas isso é uma ilusão. É uma farsa, nada mais.”

Não está na minha estante de livros favoritos, mas “Ela não é Invisível” não é desagradável. Acho que vale a pena a leitura.


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